A taça do mundo é nosa

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA?
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br
Tomo emprestado o título de um comentário, de aluna minha do curso de jornalismo. O título, como sabemos, já não era original, já fora usado na música da conquista da Copa do Mundo de 1958. Como ladrão que rouba ladrão, cem anos de perdão, então, vá lá. Gostaria muito de que o Brasil voltasse com a taça da África, jogando, é claro, um futebol bonito, uma festa com a bola. E, em especial, que a taça viesse, não vazia, mas recheada de muitas coisas de que precisamos aqui, e que durante a Copa são, por uma magia, esquecidas. Por exemplo, que tal uma taça cheia daquela responsabilidade política que queremos; derramando alimentos de que tanta gente sente falta; pingando educação, que parece estar desaparecida; de promessas cumpridas pelos governantes e representantes do povo; com um cheiro de ética de inebriar o ambiente brasileiro; abarrotada de interesse do povo pela cultura que torne o Brasil mais conhecido não só pelo futebol e pelas bundas femininas que atraem o turista do exterior; lotada de desejos superiores que nos deem uma perspectiva favorável no cenário mundial; com um presidente que pense mais no povo do que em si mesmo; um patriotismo verdadeiro e não de fachada, essa de bandeira na janela só durante a Copa do Mundo. E que depois some...
Isso é mais que um desejo, é um sonho de um cronista preocupado com um Brasil realmente melhor e mais preparado para tornar o povo verdadeiramente o campeão do mundo.
Professor de Lingüística, de Jornalismo, professor radiofônico e membro da Academia Bauruense de Letras

Sociolinguística - A variante retroflexa

Autor: João Batista Neto Chamadoira – Ciências Humanas – FAAC – Unesp
Título: A variante retroflexa: erro ou intolerância
Resumo
Esta comunicação tem o escopo de apresentar uma reflexão sobre a pronúncia no Rádio e na TV, envolvendo o fonema /r/ múltiplo. Esse fonema apresenta no Brasil algumas variantes regionais, de raízes históricas. Assim, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e no Nordeste, a variante é articulada na região posterior da boca, quase junto à glote. Em outras regiões, a articulação se faz, exatamente, como ela se denomina, isto é, com a língua apresentando uma vibração. Daí o seu nome de consoante constritiva vibrante.Em algumas regiões do estado de São Paulo, Minas Gerais e no estado do Rio de Janeiro, quem articula a consoante vibrante, “entorta” a língua para trás (aliás, pela lei do mínimo esforço) e como Exatamente porque a língua se volta para trás, ela é chamada de variante retroflexa. Essa variante é o chamado “caipira”. Essa pronúncia é desprestigiada – a própria denominação já enseja uma discriminação. E o MANUAL DE TELEJORNALISMO DA REDE GLOBO, explicita no item “Pronúncia” que essa pronúncia deve ser condenada. Pronúncia desprestigiada, mas correta, pois não constitui um fonema diferente. Ao se dizer “porta” com pronúncia cita caipira, ou “porta”, com pronúncia carioca ou “porta” à maneira paulistana, não aparece nenhuma mudança de significado. Não é como “caro” e “carro” cujas pronúncias são diferentes e fazem alterar o significado. O grande problema é que aqueles que pronunciam o fonema “r”, como variante retroflexa, serão barrados em emissoras de rádio e TV, que exigem a pronúncia aceita e exigida pela classe intelectual dominante.

Jornal Bom dia Bauru - Bom humor, pero no mucho

BOM HUMOR, PERO NO MUCHO

João Batista Neto Chamadoira
jobacham@uol.com.br

Primeira página da Folha de São Paulo, edição de 19-12. A foto da presidente da Argentina, Cristina Kircher, ao lado do presidente do Uruguai.
Na foto, o vestido de Kirchner alçado por um ventinho. O jornalista da Folha não teve dúvida: lascou a legenda: “O pecado mora ao lado.”
Para quem não assistou ao filme O pecado mora ao lado - e muita gente não viu - vai entender, por um processo metonímico que a Argentina, ou o Uruguai, ou mesmo os presidentes da foto, constituem um pecado.
Agora – e daí a importância do repertório cultural na leitura – quem conhece o filme, entendeu, rapidamente, A foto lembra à cena em que a personagem interpretada por Marilyn Monroe tem o vestido levantado por um vento que saía por uma grade no chão.
Realmente, por um lado, uma boa lembrança para quem curte cinema. Por outro lado, porém, a idéia de que Cristina Kirchner como suprema representante de uma respeitável nação como a Argentina, não merecia uma referência desse naipe. Aliás, parece que parte dos brasileiros, tem, ou por causa do futebol, ou por outra coisa que soa inveja, uma birra com a nação, conhecida como uma das mais adiantadas da América Latina. A infeliz frase de nosso presidente “...uma Copa do mundo para nenhum argentino botar defeito” diz muita coisa..
Povo instruído, que lê. Buenos Aires é inesquecível.
A Folha publicaria uma foto assim da nossa primeira-dama, da governadora Yeda Crusius, ou da esposa do governador Serra?
Bom humor, mas uma desnecessária provocação.
Professor de Lingüística e Jornalismo

JORNAL BOM DIA BAURU Cuba e a imprensa

CUBA E A IMPRENSA
João Batista Neto Chamdoira
jobachama@uol.com.br

Banca de jornais em Havana, Varadero, Cienfuegos, Trinidad...? Não há.
Não há fatos para noticiar ou comentar?
Fatos há, mas não se noticiam. Não vi acidentes automobilísticos. Também, poucos automóveis. E velocidades bem baixas.
Um dia numa das ruas principais de Havana Vieja, a Obispo, um senhor idoso, aparência bem humilde, timidamente ofereceu um jornalzinho. Sim, pequeno: 38cm por 29 cm, oito páginas. É o GRAMNO, ou GRANMO, “ÓRGANO OFICIAL DEL PARTIDO COMUNISTA DE CUBA”. Uma espécie de “A Voz do Brasil “ impressa. Apenas noticias que, de alguma maneira, estão ligadas ao governo. Para ilustrar: “Entregan Prêmios Nacionales de Cultura comunitária 2006.”; “Outorgada la Orden Antonio Maceo al Instituto Técnico Militar Jose Marti.”; “Deporte consolida relación India-Cuba.”. “Chavez destaca recuperación de Fidel”; “Roban un carro cada três minutos. En 2006, fueron robados 170 mil vehículos.” Em Cuba, não, em San Pablo, Brasil.
Notícias sobre os inimigos: “Cuba lês duele más. Es inegable que la tranquilidad interna que disfruta Cuba es un punzonazo (golpe)al costado del Tio Sam.”; Alemania emite orden de captura contra agentes de la CIA.”
Revistas? Não vi nenhuma. No hotel, TV a Cabo. Notícias sobre Cuba, algumas homenagens a cubanos. E notas sobre melhoramentos no país. No más.
E o Congresso cubano, como se comporta? Não se sabe.
Fidel é teimoso. Bonito o ideal comunista, socialista. Mas e a realidade? Volto a Cuba, ano que vem. Haverá outro partido? Uma oposição?

Professor de Lingüística e de Jornalismo - Unesp

Jornal BOM DIA- Viagem, observações - símbolos brasileiros

Viagem – observações 3
João Batista Chamadoira
jobachamna@uol.com.br
Cada país com sua cultura. Idioma, costumes, arte peculiar, marcas particulares.. Fala-se da formalidade e a fleugma do inglês; “la sangre caliente” do espanhol; uma certa delicadeza nos franceses; a comida e a afetividade do italiano; o jeito comedido e discreto dos orientais... Mas falta o brasileiro. O jeito do brasileiro seria o “jeitinho brasileiro”? Aquele jeitinho-malandragem-solução para tantos problemas? País Tropical (ah, Jorge Benjor)... E foi lá no Museu do Louvre, ao ver os pacotinhos de açúcar para o café, que a idéia veio à cabeça.Coisa óbvia, falar das diferentes culturas. Mas não falamos e há gente que nem quer discutir a corrupção dos nossos política por julgá-la óbvia. Assim, terminando a carne macia de veado com creme, pedi um café. E vi o açúcar. Uns cubinhos num papel com motivos ou símbolos brasileiros: a foto de uma mulata com pouquíssima roupa sambando, o Estádio do Maracanã e, felizmente, para dar um gostinho, uma foto do Corcovado. .Esperava ver o Abapuru da Tarsila, ou a Carmem Miranda, um Pixinguinha, escultura de Aleijadinho, Villa-Lobos..Seria mais difícil dos representantes modernos,como Chico Buarque, Gil, Caetano, pois haveria a questão dos direitos de imagem. O Brasil é muito mais do que aquilo: terra do futebol, da mulata, da bunda...
Doutor em Lingüística e Radialista – Unesp.

JOrnal BOM DIA BAURU - A Globo e a seleção

Viagem – observações 3
João Batista Chamadoira
jobachamna@uol.com.br
Cada país com sua cultura. Idioma, costumes, arte peculiar, marcas particulares.. Fala-se da formalidade e a fleugma do inglês; “la sangre caliente” do espanhol; uma certa delicadeza nos franceses; a comida e a afetividade do italiano; o jeito comedido e discreto dos orientais... Mas falta o brasileiro. O jeito do brasileiro seria o “jeitinho brasileiro”? Aquele jeitinho-malandragem-solução para tantos problemas? País Tropical (ah, Jorge Benjor)... E foi lá no Museu do Louvre, ao ver os pacotinhos de açúcar para o café, que a idéia veio à cabeça.Coisa óbvia, falar das diferentes culturas. Mas não falamos e há gente que nem quer discutir a corrupção dos nossos política por julgá-la óbvia. Assim, terminando a carne macia de veado com creme, pedi um café. E vi o açúcar. Uns cubinhos num papel com motivos ou símbolos brasileiros: a foto de uma mulata com pouquíssima roupa sambando, o Estádio do Maracanã e, felizmente, para dar um gostinho, uma foto do Corcovado. .Esperava ver o Abapuru da Tarsila, ou a Carmem Miranda, um Pixinguinha, escultura de Aleijadinho, Villa-Lobos..Seria mais difícil dos representantes modernos,como Chico Buarque, Gil, Caetano, pois haveria a questão dos direitos de imagem. O Brasil é muito mais do que aquilo: terra do futebol, da mulata, da bunda...
Doutor em Lingüística e Radialista – Unesp.

Jornal BOM DIA BAURU- NOIFE OU knife?

Viagem – Impressões, a última.
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br
Aprendi inglês, lingüista. Tranqüilo, em Londres, sem problemas na comunicação. Achei o local da hospedagem, metrô, museus... Sem guia. E me virando em inglês...Até o dia em que... Pois é, até o dia do “London Eye”, uma enorme roda-gigante, para ver a cidade. Inteirinha. Fila de uma hora para o ingresso, uma hora para entrar. paciência, Consegui chegar lá.. Aí veio o segurança: “-Excuse me”. Um afro-descendente, dois metros de altura. Jeitão e vozeirão de assustar. E foi me apalpando, e “-The bag”!, open the bag!”. A bolsa aberta e o embrulhinho compridinho de pasta e escova de dentes. “-Do you have a ‘noife’!You have a ‘noife’! You ´ve a ‘noife’!?” Desesperado, comecei a suar, apavorado. “-Noife?” I ´m sorry, I know English, but I don´t know what ´s a noife!!!. Please, por favor... Noife, noife.” E o segurança ali me empurrando. Noife? Olhei para a fila... Algum, talvez, solidário brasileiro, nem soube direito, destacou o indicador da mão direita, passou no pescoço, indicando que era faca. Caiu a ficha. Noife, era a palavra “knife” (naife), ou seja “faca”. “-You ´ve a noife!? “-No, of course not!” “–Ok, you go!”. Tinha aprendido no colégio: faca era “naife”.Tremendo, lá do alto, apreciei Londres, bonita , mas meio monótona. Soube depois: “Noife” era pronúncia regional, ali da própria e magnífica Londres.
Doutor em Lingüística e radialista- Unesp

Futebol e o lúdico - JORNAL BOM DIA BAURU

O FUTEBOL E O LÚDICO
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br

TV Cultura, programa Cartão Verde. O apresentador, antes de o Santos sagrar-se campeão, perguntou aos telespectadores se o time iria, ou não, ser campeão paulista. Um dos telespectadores, torcedor do Santos, respondeu que “eu não estou preocupado se o Santos vai ser campeão ou não. Minha maior preocupação é se ele vai continuar jogando bonito como está jogando.” Depoimento esperado e corajoso. Na “era Dunga”, num contexto em que os apresentadores galvãobuenentos, torcem furiosamente para o Brasil, a fim de que a seleção não fracasse, para que a Globo não perca os patrocínios, fiquei surpreso com a investida da criatividade e inventividade, demonstrada pelo telespectador. Afinal, parece que este não pensa como Nelson Rodrigues, aquele que acreditava que a pátria estava nas chuteiras dos jogadores. Porque esse negócio de achar que tem que ganhar de qualquer jeito é dar lugar à mediocridade, ao jogo feio, medroso, muito distante, por exemplo do belo padrão de jogo que Telê impôs na Espanha em 1982 e na México em 1986. Dirão os que veem o futebol como um jogo do ganhar, custe o que custar, que o Brasil perdeu, e que o negócio é ferrar os adversários, até torcer para que um craque adversário se machuque para que desfalque o time e facilite as coisas “para nós”.
Não, futebol deve ser encontro, confraternização, lance bonito, gol de placa, seja de quem for. É o lúdico. Festa. Ganhar, perder é mera circunstância. É isso.
Professor de Jornalismo, Lingüística, produtor radiofônico e Membro da Academia Bauruense de Letras.

Impressões de viagem III - Jornal Bom Dia Bauru

IMPRESSÕES DE VIAGEM (III)
João Batista Neto Chamadoira

A viagem na Alemanha, e a cidade de Munique, capital da Baviera. Cidade tipicamente européia, muito verde, prédios muito antigos ainda muito bem conservados. Cidade que
sofreu com a Segunda Guerra. Teatros e edifícios, estão sendo reconstruídos. Cidade famosa pela Universidade Técnica, que abriga cerca de 40.000 alunos, uma das fmais importantes na área de Tecnologia.
Com cerca de 1 milhão e trezentos mil habitantes, Munique conserva, ainda, construções do século XVI. Fundada em 1158, leva fama pela tragédia ocorrida em 1972, em que o grupo terrorista árabe Setembro Negro invadiu a concentração dos israelitas e matou dois atletas. Apesar da guerra , cidade bem conservada. Ainda, podem ser vistas antigas muralhas, que podem nos sugerir como era a feição da cidade em tempos bem distantes. Isso faz lembrar-me da matéria de hoje no Programa BOM DIA BRASIL. De fato, desoladamente, vi reportagem que mostrou as abandonadas e largadas ruínas de construções na cidade de Salvador, na Bahia. E com dinheiro destinado à conservação. Mas não precisamos nos preocupar, pois ainda há tempo de o Brasil aprender essas coisas...
Mas quem visita a cidade pode desfrutar uma maravilhosa coleção de palácios, especialmente os construídos por Ludwig, o Rei Luiz Louco, que tentou imitar a obra megalômana do Rei Sol, Luiz XIV, da França. Entre esses, o principal é Neuschwanstein, construído para eternizar com ele a música do compositor Richard Wagner, de quem tanto gostava.




Professor de Jornalismo, Linguística, Produtor radiofônico e membro da Academia Bauruense de Letras – Unesp.

Jornal Bom dia - Ficção e realidade

FICÇÃO E REALIDADE
João Batista Chamadoira
jobacham@uol.com.br

Acordei hoje, lembrando-me de um significativo e maravilhoso filme de François Truffaut, o FAHRENHEIT 451, se não me engano, de 1966. É a história de uma cidade, no mundo fictício, em que os livros eram objetos perigosos e havia, para destruí-los, os bombeiros. Havia caixas de correio e pessoas que queriam ajudar o governo em descobrir aqueles que constituíam ameaça tendo livros em casa, faziam denúncias. . Descobertos os ameaçadores livros, os soldados iam queimá-los. Até que Clarisse (a linda Julie Christie) convence um dos bombeiros Montag (Oscar Werner) a ler um livro. Ele, encantado, passa a ver os livros como um prazer, o caminho do conhecimento, de um mundo melhor, do progresso da humanidade. Isso contra a ira da mulher, coitada, convencida de que livros não prestavam.
Coincidência ou causa e conseqüência – afinal não existe a premonição? - vi, no BOM DIA, que um tradicional colégio de Bauru, o Ernesto Monte, estava jogando livros e pondo fogo neles. Imediatamente, lembrei-me do filme em questão. Ficção e realidade coexistem. E, infelizmente, muitas vezes, não no sentido da busca da melhoria, do conhecimento, da felicidade, mas na sabotagem, na destruição. Cego não é o que não vê, mas o que não quer ver. E é terrível que parta de uma casa do saber, que é uma escola, o absurdo de se jogarem livros fora. Quem seria o (a) responsável por tanta ignorância e insanidade?
Assista a FAHRENHEIT 451 e reflita. O final é magnífico.
Professor de jornalismo, de Linguística, produtor radiofônico- Unesp – membro da Academia Bauruense de Letras

Jornal Bom DiaBauru

ESSE PTB NÃO É O PTB
João Batista Neto Chamadoira
jobachama@uol.com.br
No horário político, a cara inverossímil de seriedade do Roberto Jefferson. Lembram-se da figura? Aquele já cassado por falta de decoro parlamentar - um eufemismo. Pois é, atual presidente do PTB, partido, que antes de ser extinto pela ditadura, realmente era ligado ao trabalhismo, às reivindicações operárias. Fundado em 1945 por Getúlio Vargas, contou com nomes importantes da luta operária, como Almino Afonso, San Tiago Dantas. Jango... Teve importante papel nas leis em favor dos trabalhadores, apoiando as reformas de Vargas. Daí o nome original do partido que tinha também como bandeira de luta, a reforma agrária. Veio o golpe de estado de 1964 e adeus democracia e adeus partidos políticos. Em 1981, já com a anistia, Leonel Brizola tentou refundar o PTB, disputando a sigla contra Ivete Vargas e Sandra Cavalcanti, presidente do Banco Nacional da Habitação e representante da ditadura. Viu, porém, seu sonho ser desfeito. Na verdade, o todo poderoso da ditadura, Golbery do Couto e Silva, deu o partido para o outro grupo que estava comprometido com o governo ditatorial. A Brizola só restou fundar o PDT. Assim, esse PTB não tem nada a ver com o PTB antigo. E aí vemos na TV, a absurda figura de Roberto Jefferson - que até lutou em favor de Collor quando este poderia ser cassado, e safou-se com a renúncia – afirmar, descaradamente, que este PTB, que preside, tem tradição na luta pelos operários. Não, seu Jefferson. Na verdade, este é outro PTB...
Professor de Lingüística, Jornalismo e produtor radiofônico - UNESP

FILME "APROXIMAÇÃO" - JORNAL bom dia baURU

CINEMA
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br

No jornal, a foto do ex-governador Arruda e a mulher. Pergunto aos meus botões qual teria sido a reação da esposa ao saber dos vergonhosos atos do marido. Solidariedade? censura, repulsa...?
Mas hoje é dia de cinema. Em São Paulo, na semana passada, Pinacoteca do Estado, Museu de Língua Portuguesa e cinema. E no cinema um filme estranho. Mas estranheza maior pelo título do filme em português: Aproximação. O filme de origem francesa e israelita, dirigido pelo israelita Amos Gitai, mostra Uli (Liron Levo ) chegando à França para o funeral do pai. Encontra-se com Ana (Juliette Binoche), sua meia-irmã. Ao ver o testamento do pai, Ana se decepciona e tenta até mudá-lo desonestamente, pois Ana, sua filha que vive na Faixa de Gaza, no Oriente Médio, é a herdeira. Mas a autoridade, Françoise (Jeanne Moreau, ainda em forma), descobre e Ana vai a Israel para ver a filha e informá-la da herança. Ao chegar, assiste assustada os soldados israelenses, comandados por Uli, o meio irmão, retirarem à força os próprios israelenses que ali foram instalados pelo governo de Israel. O filme, assim, é sequência de separações. Começa com Uli num romance tórrido momentâneo, num trem, na Itália, com ma executiva palestina, casada com italiano. Depois a divisão que se processa na vida de Ana ao saber que sua herança vai para a filha na Faixa de Gaza. E se fala em inglês, francês, israelita. E termina com a separação de Ana e Dana, depois de se reencontrarem. O título original e Dseingagemengt
Professor de ornalismo, de lingüística, produtor radiofônico e membro da Academia Bauruense de Letras.

A verdadeira cegueira

A VERDADEIRA CEGUEIRA
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br

Uma dessas coincidências, numa clínica oftalmológica. Uma revista no consultório, trazia concretizada uma das coisas que até enfeitam o Natal: uma matéria, com o nome do primeiro juiz cego do Brasil: Ricardo Tadeu Marques da Fonseca. Passou por inúmeros problemas neurológicos, superou-os, cursou Direito e, mesmo com baixa visão, 4% em um olho e o% em outro, conseguiu entrar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Em 1983, último ano da Faculdade, ficou cego de vez. E contou com os colegas e amigos que gravavam os textos em fita, para que pudesse estudar. Fã de MPB, tocava violão desde criança, foi para os bares da vida e “engatou um romance com Suzane e têm duas filhas” .Fez o curso de mestrado. Inscreveu-se no concurso para juiz do TRT de São Paulo. Foi passando, chegou até a etapa final, mas foi cortado do concurso, pois “um juiz cego não era possível”. Da “comissão” fazia parte o famoso juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, de triste memórias.
Em seu trabalho como procurador, Ricardo Tadeu tocou centenas de processos, trabalhando auditivamente. Tornou-se doutor – com tese e não porque só fez Direito – e é desembargador.
Vejo, pela matéria na revista, que os CDs que gravo para os cegos do LAR SANTA LUZIA, com aluno-bolsista e voluntários, crescem em importância.
Mas soube de advogados que são contra o direito de os cegos participarem da sociedade e fazer concursos para juiz. Esses advogados são os verdadeiros cegos.
Professor de Jornalismo, de Linguística, produtor radiofônico e membro da Academia Bauruense de Letras.

Reflexões- Poema mais recente

Será vazio?
Entre mim e a realidade
o espaço criado pela fantasia
Aparente vazio a preencher
Meus olhos não param de criar

Impaciente com a nonotonia
Busco atos, a vida, nas intenções
Que lutam contra os percalços

E rindo alegrias, amores, conquistas,
Sinto o meu vazio esvair.

Até quando?