Sociolinguística - A variante retroflexa

Autor: João Batista Neto Chamadoira – Ciências Humanas – FAAC – Unesp
Título: A variante retroflexa: erro ou intolerância
Resumo
Esta comunicação tem o escopo de apresentar uma reflexão sobre a pronúncia no Rádio e na TV, envolvendo o fonema /r/ múltiplo. Esse fonema apresenta no Brasil algumas variantes regionais, de raízes históricas. Assim, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e no Nordeste, a variante é articulada na região posterior da boca, quase junto à glote. Em outras regiões, a articulação se faz, exatamente, como ela se denomina, isto é, com a língua apresentando uma vibração. Daí o seu nome de consoante constritiva vibrante.Em algumas regiões do estado de São Paulo, Minas Gerais e no estado do Rio de Janeiro, quem articula a consoante vibrante, “entorta” a língua para trás (aliás, pela lei do mínimo esforço) e como Exatamente porque a língua se volta para trás, ela é chamada de variante retroflexa. Essa variante é o chamado “caipira”. Essa pronúncia é desprestigiada – a própria denominação já enseja uma discriminação. E o MANUAL DE TELEJORNALISMO DA REDE GLOBO, explicita no item “Pronúncia” que essa pronúncia deve ser condenada. Pronúncia desprestigiada, mas correta, pois não constitui um fonema diferente. Ao se dizer “porta” com pronúncia cita caipira, ou “porta”, com pronúncia carioca ou “porta” à maneira paulistana, não aparece nenhuma mudança de significado. Não é como “caro” e “carro” cujas pronúncias são diferentes e fazem alterar o significado. O grande problema é que aqueles que pronunciam o fonema “r”, como variante retroflexa, serão barrados em emissoras de rádio e TV, que exigem a pronúncia aceita e exigida pela classe intelectual dominante.

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