Jornal Bom dia - Ficção e realidade

FICÇÃO E REALIDADE
João Batista Chamadoira
jobacham@uol.com.br

Acordei hoje, lembrando-me de um significativo e maravilhoso filme de François Truffaut, o FAHRENHEIT 451, se não me engano, de 1966. É a história de uma cidade, no mundo fictício, em que os livros eram objetos perigosos e havia, para destruí-los, os bombeiros. Havia caixas de correio e pessoas que queriam ajudar o governo em descobrir aqueles que constituíam ameaça tendo livros em casa, faziam denúncias. . Descobertos os ameaçadores livros, os soldados iam queimá-los. Até que Clarisse (a linda Julie Christie) convence um dos bombeiros Montag (Oscar Werner) a ler um livro. Ele, encantado, passa a ver os livros como um prazer, o caminho do conhecimento, de um mundo melhor, do progresso da humanidade. Isso contra a ira da mulher, coitada, convencida de que livros não prestavam.
Coincidência ou causa e conseqüência – afinal não existe a premonição? - vi, no BOM DIA, que um tradicional colégio de Bauru, o Ernesto Monte, estava jogando livros e pondo fogo neles. Imediatamente, lembrei-me do filme em questão. Ficção e realidade coexistem. E, infelizmente, muitas vezes, não no sentido da busca da melhoria, do conhecimento, da felicidade, mas na sabotagem, na destruição. Cego não é o que não vê, mas o que não quer ver. E é terrível que parta de uma casa do saber, que é uma escola, o absurdo de se jogarem livros fora. Quem seria o (a) responsável por tanta ignorância e insanidade?
Assista a FAHRENHEIT 451 e reflita. O final é magnífico.
Professor de jornalismo, de Linguística, produtor radiofônico- Unesp – membro da Academia Bauruense de Letras

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