O segredo de seus olhos - Juan José Campanella

CINEMA: O SEGREDO DE SEUS OLHOS
João Batista Chamadoira
jobachama@uol.com.br

O filme argentino Segredo de seus olhos (El Secreto de Sus Ojos), de Juan José Campanela é eletrizante. Na sessão, ninguém se mexia. Até o clímax. Em cada espectador, a tensão. Para mim, os olhos. No filme, Benjamin Spósito (Ricardo Darín), aposenta-se do Tribunal Penal, e começa a escrever um romance, baseado em suas memórias, sobre um crime bárbaro não solucionado cerca de 25 anos antes. Flash back e uma moça casada é estuprada e assassinada. E deseja descobrir o assassino. Procura a juíza Irene Hastings (a presença forte da atriz Soledad Villamil), para quem trabalhara na época do crime e por quem nutria uma paixão platônica. Convencida por Espósito, decide, numa atitude não legal, facilitar a investigação. Numa foto da formatura da moça assassinada, percebe a atração que um dos colegas tinha pela moça assassinada. Essa pista e outras conclusões levam Espósito e o amigo Pablo Sandoval (GuillermoFrancella) descobrir a atração que o suspeito tinha pelo time do Racing. A partir daí, os leitores que vejam o filme.
Filme eletrizante, ninguém se mexe, não se ouve barulho de saco de pipoca (graças a Deus). A atenção é nos olhos das personagens, a todo momento procurados pela câmera.
Para mim, ficou a presença de dois eixos de tensão: a ânsia pela busca do assassino e a ânsia pela relação afetiva entre a juíza e seu subordinado Espósito. Como termina? Perguntem ou assistam. Não vou estragar a expectativa.
Professor de jornalismo, de lingüística, produtor radiofônico e Membro da Academia Bauruense de Letras

Cinema: O segredo de seus olhos

Entre os temas do filme O SEGREDO DE SEUS OLHOS está a presença das paixões. Na história, em flasch back, Benjamim Spósito (Ricardo Barín), policial da Justiça argentina, já aposentado, começa a escrever um romance, quem sabe, para preencher o vazio de sua vida. E, nessa intenção, recomeça a investigar um crime ocorrido 20 anos atrás, numa Argentina policialesca, em que uma jovem mulher casada é estuprada e morta. São presos dois pedreiros para serem bodes expiatórios, mas são soltos. E o caso, apesar da luta do apaixonado marido Morales (Pablo Rago)nunca foi resolvido. Aliás, este não desejava dejeito nehum que o assassino fosse morto. Teria que pagar o crime na prisão. E Spósito, após a aposentadoria, tenta com paixão investigar o assassinato, tema do seu romance. Uma foto de formatura mostra um dos colegas da vítima a olhá-la ( com paixão) de forma que chama a atenção. É uma pista. E surge a presença de Irene Hastings (Soledad Villamil), juíza, sob cuja chefia, Spósito trabalhava. Há uma paixão oculta entre Spósito e ela e, em certo momento, há um "falta falta pouco para um beijo E ela comprometida. E Irene chega a reabrir de forma ilegal o processo quando o subordinado, já aposentado, pede insistentemente. Ao lado de Spósito está seu companheiro de trabalho Pablo Padoval (Guillermo Francella). Investigando detalhes da vida do suspeito, Gómez (Javier Godino), encontram, na casa em que morava, cartas nas quais aparecem nomes e depois, com a ajuda de um jornalista, descobrem que os nomes são famosos jogadores de futebol do Racing de Buenos Aires. Aí a paixão pelo futebol. O assassino, claro, era apaixonado pelo Racing. Então é ir aos jogos do Racing para encontrá-lo. Na quarta ida ao estádio, vêem Gómez que, ao sentir a perseguição foge. É preso, mas ele está a serviço da ditadura, portanto, intocável. Policiais chegam a matar Padoval, supondo ser Spósito. E Gómez, some. Mas Spósito, que se tornou amigo de Morales resolve visitá-lo e ... Bom, aí se eu contar o resto... perde a graça. Mas pode-se dizer que a a paixão entre Spósito e Irene... Um filme de muita "argentinidade", pela história da Argentina, pela gana das personagens...